Parque Natural da Serra de S. Mamede
O Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM) é uma área protegida portuguesa, situada na região fronteiriça do nordeste Alentejano. Ocupa uma área aproximada de 55.524 ha, distribuídos por quatro concelhos do distrito de Portalegre: Portalegre Castelo de Vide Marvão Arronches A zona sul do parque apresenta um relevo suave e ondulado, com uma altitude que varia entre 300 e 400 m.
O Patamar de Portalegre, que se situa a uma altitude de 400 a 500 m, forma uma espécie de degrau que sobressai da zona sul do parque. Constitui uma zona de transição entre a paisagem tradicional alentejana e a serra. A serra propriamente dita, que se situa na sua maioria a norte e centro da área do parque, com altitudes superiores a 800 m, é uma zona marcada paisagisticamente pelo atravessamento de cristas quartzíticas e por relevos proeminentes. A criação do Parque Natural marca, em consonância com o seu património natural e paisagístico, o início de um processo de restauro dos sistemas agrícolas tradicionais da serra, em degradação desde finais do século XIX pelas campanhas cerealíferas. A agricultura continua a ser a actividade económica dominante nesta região.
Na zona mais serrana, a norte, predomina a pequena e média propriedade, com uma utilização diversificada que resulta da consequente compartimentação do espaço: carvalhais, soutos e montados de sobro, alternando com olivais, pinhais e eucaliptais, e o sequeiro alternando com pequenos regadios e matos, nos terrenos de maior altitude. A sul, a pequena e média propriedade é substituída pela grande propriedade, predominando a agricultura extensiva de sequeiro, por vezes em associação com o montado de sobro e azinho e a criação de gado. Clima As características morfológicas do PNSSM influenciam o tipo de clima existente na região. Este apresenta um período seco acentuado no Verão e um Inverno frio e chuvoso, situação que ocorre devido à sua elevada altitude, que faz com que a serra sofra uma influência continental ibérica e uma atlântica. As linhas de maior altitude da serra têm uma orientação NW-SE o que leva a que as encostas viradas a S-SE sejam quentes e secas enquanto as encostas a N-NW sejam frias e húmidas. Os ventos predominantes são os de quadrante norte, noroeste e oeste, que atenuam o calor e secura estivais mantendo as chuvas mais abundantes. A acção do ar marinho leva a que haja uma menor amplitude térmica e maior precipitação anual em relação à zona envolvente.
A posição geográfica e topográfica da Serra de São Mamede faz dela a mais elevada a sul do Tejo, assim combinando as altitudes com as diferentes exposições, sendo possível encontrar espécies vegetais com características mediterrâneas, atlânticas e centro-europeias. Além disso a serra constitui o limite sul de Portugal para algumas plantas comuns de carácter atlântico e o limite sudoeste da Europa para a distribuição de algumas espécies. Flora do parque Carvalho-negralEncontram-se assim áreas edafoclimáticas muito distintas que se associam a unidades de paisagem diferenciadas: – Nas encostas viradas a norte, mais frescas e húmidas, estamos em presença de condições marcadamente atlânticas. Teríamos como vegetação clímax o domínio de: Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) Todavia, estes foram inicialmente substituídos, por acção antropogénica, por: Castanheiros (Castanea sativa) Pinheiro-bravo (Pinus pinaster) Os matos são dominados por Estevas (Cistus hirsutus, Cistus psilosepalus) Tojo (Ulex minor) Nas encostas viradas a sul, mais quentes, a panorâmica é bem diferente uma vez que o clima é marcadamente mediterrâneo, sendo a espécie dominante: Sobreiro (Quercus suber) Os matos dominantes são xarais mediterrâneos dominados por: Esteva (Cistus ladanifer)
Nas zonas limites do Parque encontramos um tipo de vegetação tipicamente mediterrânea com predominância de: Sobro (Quercus suber) Azinho (Quercus rotundifólia) Pastagens Na área do Parque encontram-se diversas espécies rupícolas e casmófitas, de habitats rochosos ao longo das cristas e dos afloramentos rochosos. Evidencia-se: Armeria (Franesi) Silene acutifolia Linaria sexatilis Umbilicus heilandianus Narcisus Pseudonarcisus Cheilanthus hispanica Em menor altitude surgem espécies típicas como: Viscum cruciatum Euphorbia welwitschii Euphorbia matritensis Euphorbia micaensis Daucus setifolius Lamium bifidum. [editar] Fauna do parqueToda a variedade de biótopos que caracteriza o PNSSM associada aos diversos tipos de habitats, proporciona uma grande riqueza faunística.
A área do parque é de grande importância a nível ornitológico, tanto no território nacional como da Península Ibérica, fazendo parte da rota migratória de muitas espécies de aves entre a Europa e a África. Foram inventariadas pelo Atlas das Aves do PNSSM cerca de 150 espécies em que 40 nidificam no Parque, das quais se destacam espécies com estatuto de conservação da natureza, como é o caso de: Águia-de-bonelli (Hieraaetus fasciatus) Grifo (Gyps fulvus) Abutre-preto (Aegypius monachus) Águia-de-bonelliRabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus) Chasco-preto (Oenanthe leucura) Milhafre (Milvus migrans) Bufo-real (Bubo bubo) Águia-cobreira (Circaetus gallicus) Gavião-da-europa (Accipiter nisus) Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus) Perdiz-comum (Alectoris rufa) Melro-preto (Turdus merula) Chapim-preto (Parus ater) Chapim-real (Parus major) Chapim-azul (Parus caeruleus) Chapim-rabilongo (Aegithalos caudatus) Gaio-comum (Garrulus glandarius) Cartaxo-comum (Saxicola torquata) Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) Quanto à mamofauna temos a presença de espécies como: Lontra (Lutra lutra) Rato-de-cabrera (Microtus cabrerae) Quanto aos mamíferos mais comuns temos: Texugo (Meles meles) Toirão (Mustela putorius) Doninha (Mustela nivalis) Sacarrabos (Herpestres ichneumeon) Geneta (Genetta genetta) Gato-bravo (Felis silvestris) Raposa (Vulpes vulpes) Coelho-bravo (Oryctolalus cuniculus) Javali (Sus scrofa) Fuínha (Martes foina) Lebre (Lepus capensis) Veado (Cervus elaphus) Na antiga mina de chumbo da Cova da Moura, bem como em grutas calcárias, encontram-se importantes colónias de: Quirópteros (morcegos) sendo aquela considerada uma das mais importantes da Europa. Existe ainda nesta área a presença de numerosos anfíbios e répteis de entre os quais se destacam: Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi ) Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii ) Tritão-ibérico (Triturus boscai ) Cágados (Emys orbicularis e Mauremys caspica).