Coudelaria de Alter
PRELÚDIO – 1736 A fundação da Coudelaria de Alter não foi um acto ocasional e isolado. Surgiu como corolário lógico de um tempo histórico e de uma política coudélica, personificados em D.João V, o Rei Magnânimo. FUNDAÇÃO – 1748 A ordem da Junta do Estado e Casa de Bragança, de 9 de Dezembro de 1748, marca a fundação da Coudelaria de Alter, e tem o significado simbólico de ” Registo ” da Tapada do Arneiro como ” Solar ” do cavalo de Alter-Real.
O documento fundacional da Coudelaria de Alter foi emitido por D.João V como: ” ADMINISTRADOR DA PESSOA E BENS DO PRÍNCIPE D.JOSÉ, MEU SOBRE TODOS MUITO AMADO E PREZADO FILHO, DUQUE DE BRAGANÇA “. ESTRUTURAÇÃO – 1749 – 1770 É ao Rei D.José I que, quase inteiramente, cabe o mérito da estruturação da Coudelaria de Alter: Formação da manada, instalações coudélicas, alargamento do assento agrícola e da área de pastoreio, promulgação do primeiro regime coudélico que vigorou na Coudelaria. A Casa Ducal de Bragança foi, como executante da vontade Régia de D.João V e de D.José I, o esteio da fundação e estruturação da Coudelaria de Alter. APOGEU – 1771 – 1800 A Coudelaria é, então, da Casa Real que a recebeu, em 1770, da Casa de Bragança, num quadro de relação bem definido ; a Casa de Bragança, proprietária dos prédios utilizados pela Coudelaria de Alter ; a Casa Real, reconhecida como senhoria da manada, e na situação de rendeira daqueles prédios. NA Picaria Real, em Lisboa, o ensino de D.Pedro de Meneses, 4º Marquês de Marialva e Estribeiro – Mor da Casa Real, alcança a perfeição no rigor da técnica, na beleza dos movimentos, na elegância das atitudes. O Cavalo Alter-Real atinge o seu esplendor. DESVENTURAS – 1801 – 1820 A primeira vintena do século XIX foi um período de sombras para a Coudelaria de Alter ; roubo dos melhores cavalos Alter-Real, danos nas piaras, redução na área do pastoreio, vandalismo nas instalações, primeiras ameaças à integridade étnica da manada. Em defesa da Coudelaria de Alter agiganta-se, neste período de sombras, a figura do Princípe Regente D.João.
Mas era uma luz longínqua, no Rio de Janeiro, e em Portugal o Marechal inglês Beresford. Era o poder. ” Que se conserve sempre pura esta raça ” 12 de Dezembro de 1812 ” Que não se conssinta que pessoa alguma se intrometa com o que pertence às manadas e suas pastagens ” 18 de Janeiro de 1815 INSTABILIDADE – 1821 – 1841 Da Nacionalização das Reais Manadas à usurpação da Coutada do Arneiro Questionada até à existência da Coudelaria de Alter. E mais uma vez D.João, já como Rei. A merecer um registo de memória no historial da Coudelaria de Alter. CONTINUIDADE DIFÍCIL – 1842 – 1910 Um longo tempo de dificuldades e sobressaltos para a Coudelaria, mas também de graves ameaças à integridade étnica do Cavalo Alter-Real, foi o tempo dos cruzamentos. ” O RETORNO AOS PADREADORES DE ALTER ( 1876 ), EMBORA IMPUROS ÉTNICAMENTE, E A IMPORTÂNCIA DE GARANHÕES ANDALUZES ( 1879 ) E DE ÉGUAS ZAPATAS ( 1887 ) SALVAM A MANADA, DANDO-LHE A ESTRUTURA E ROBUSTEZ PERDIDAS COM A INTRODUÇÃO DO ÁRABE ” RUY ANDRADE – ” ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DA COUDELARIA DE ALTER ” COUDELARIA MILITAR – 1911 – 1941 Proclamado o regime republicano, e arrestados os bens da coroa, a Coudelaria é integrada no Ministério da Guerra, na dependência da comissão técnica de remonta, com o nome de Coudelaria Militar de Alter do Chão. O tempo da Coudelaria Militar é uma presença notável na planificação das instalações e na racionalização da exploração agrícola da Coutada do Arneiro. RECUPERAÇÃO DO ALTER-REAL – 1942 – 1995 Em Janeiro de 1942 dá-se a integração da Coudelaria no Ministério da Economia, na jurisdição da Direcção-Geral dos serviços pecuários. Começava um longo caminho de meio século de recuperação do Alter-Real.
A recuperação do Alter-Real foi um esforço tenaz e persistente, com tempos de grandeza e de crise, de maior dinamismo e de mais apagada acção, mas, indiscutivelmente, um esforço coroado de sucesso. REACTIVAÇÃO DA COUDELARIA DE ALTER 1996 – Arranque de uma nova etapa Preservar e valorizar o património genético e cultural que a Coudelaria de Alter encerra e simboliza … Um caminho que se dirige em exclusivo ao cavalo mas que passa, também, pelo desenvolvimento sócio-económico cultural e turístico do norte alentejano. Mérito de definir e traçar esse caminho coube, em 1996, ao engenheiro Fernando Van-Zeller Gomes da Silva, ministro da agricultura. Um destaque que lhe é devido no memorial da coudelaria; Pelo respeito com que contemplou o passado; Pela ambição com que perspectivou o futuro da Coudelaria Alter-Real.